
Atividade Física no tratamento de Câncer
O câncer está entre as doenças crônicas que mais vitimam pessoas no mundo com estimativas na casa de 20 milhões até 2020, segundo a OMS. Há algum tempo, o estilo de vida ativo, propiciado através de exercícios físicos regulares e alimentação mais saudável, tem sido associados às formas preventivas da doença diminuindo 30% as chances de sua ocorrência doença. Por sua vez, é recente a iniciativa de estudos envolvendo a atividade física como apoio alternativo junto às terapias já existentes (quimioterapias, radioterapias e cirurgias) e, embora ainda precoces e contestadores, alguns resultados positivos animam a expectativa de se elevar a qualidade de vida dos pacientes (principal foco do momento, além da cura) durante o tratamento, bem como em sua reabilitação. Assim, veremos os benefícios que os exercícios podem trazer aliviando o quadro clínico e os efeitos colaterais durante o tratamento, os tipos de atividades (e com qual intensidade!) são recomendadas e outros cuidados necessários. Vamos lá!
Importante entender as mudanças fisiológicas que o organismo sofre ao iniciar um tratamento contra câncer. Os sistemas fisiológicos (cardiovascular, endócrino, muscular, nervoso e imunológico) sofrem uma diminuição de seus funcionamentos normais, causam alterações metabólicas e provocam efeitos colaterais que atingem a ordem de 72-95% das pessoas. Na ocorrência destas alterações, fica elevada a sensação de fadiga, debilitada a capacidade funcional em tarefas diárias e ainda, na maioria das vezes, essas transformações vem acompanhadas de alterações psíquicas e emocionais depressivas. Assim, forma-se um ciclo propenso a inatividade física e o resultado é a acelerada perda de massa muscular e os quadros de caquexia. Segue um resumo dos principais efeitos colaterais que tanto comprometem a qualidade de vida dos pacientes.
A participação do exercício físico nas etapas de tratamento pode gerar alterações/adaptações crônicas interessantes aos pacientes frente as condições vistas na figura acima. Inicialmente os programas envolveram somente a parte aeróbica, com resultados positivos na fadiga em pessoas com câncer de mama. Atualmente tem se indicado também o desenvolvimento da força, da resistência muscular e da flexibilidade, que combinados visam reduzir as ações deletérias do tratamento, aumentando tanto a expectativa de combate à doença pelo corpo como sua qualidade de vida (ACSM, 2010). Os principais benefícios do exercício na fase de tratamento e reabilitação são:
Fundamental esclarecer que existem contraindicações para se começar e mesmo interromper um programa de treinos, pois estes devem ser baseados na trajetória e resposta ao tratamento pelo paciente, ao seu tipo de câncer e efeitos colaterais, que por sua vez são influenciados por fatores internos como sexo, idade, genética e morbidades já existentes. Da mesma forma, os treinadores devem conhecer aspectos do câncer e de seu tratamento para melhor prescrição do programa e adaptações necessárias. Sabe-se, por exemplo, que o aumento do % de gordura deve ser monitorado nos pacientes, contudo, em alguns tipos de câncer pode haver a preocupação inversa, ou seja, a perda excessiva da mesma.
Em relação aos tipos de exercícios , intensidade e volume indicados, os principais guias internacionais de saúde reconhecem a carência de estudos pela diversidade de câncer e tratamentos, o que aumenta os desafios para se chegar a uma recomendação ideal. Contudo, todos concordam que existam os benefícios na regularidade das atividades e recomendam trabalhos nas capacidades aeróbica, de resistência muscular e flexibilidade. Salvo adaptações para pessoas com osteoporoses, metástases nos ossos e cuidados aos riscos de infecção naqueles imunodeprimidos, no momento os guias têm indicado conforme o quadro:
Enfim, esperamos que a matéria contribua e ajude as pessoas nas medidas preventivas ou que por ventura estejam no árduo caminho dos tratamentos de câncer. Evidente que ainda há muito que pesquisar dado aos inúmeros tipos da doença e suas formas de atuação no nosso corpo, desafiando a ciência na busca das melhores terapias, inclusive das recomendações ideais de exercícios. Importante constatar que os exercícios têm sido inclusos na conduta dos tratamentos, muito embora as implicações no futuro da doença ainda sejam desconhecidas. O acompanhamento do treinamento por equipe multidisciplinar é indispensável para segurança e respeito a cada caso. Por fim, sempre bom ressaltar que a prevenção primária ainda é o melhor remédio, adotando bons hábitos alimentares, vida ativa e visitas periódicas ao médico para uma eventual detecção precoce da doença. Isso salva 12 milhões de pessoas nos EUA, no Brasil infelizmente não encontramos dados estatísticos.
Um abraço e mãos à obra,
Leandro Delazaro